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segunda-feira, 12 de outubro de 2009

CRIANÇAS E ADOLESCENTES NA ATUALIDADE DAS CAUSAS IMAGINÁRIAS

No último período, uma séria de discussões, principalmente na imprensa, discute insistentemente a questão das várias problemáticas da situação caótica em que se encontram crianças e adolescentes no Brasil, em especial as consideradas em situação de risco, na atualidade.
Esse debate, realizado hora pela ótica da discussão acadêmica, hora pela opinião popular vai a extremos, tratando de exploração sexual ao envolvimento com o “crime organizado”. O contraditório, ou adequado, dependendo da concepção de organização social que se adere ao formular as temáticas da pauta dessas matérias e séries jornalísticas é que não se trata de causas. Tem-se uma síndrome obsessiva socialmente de buscar um tema debatido desde os movimentos operários do final do século XIX, ou pelos países vitoriosos na II Guerra Mundial, para não entrar numa discussão historicamente mais complexa ou anterior, sobre a problemática social de crianças e adolescentes.
Trata-se do problema da família, mesmo sem entendermos exatamente suas transformações na atualidade, como o centro da solução dos problemas do mundo, do tráfico de drogas, sem considerar a ausência significativa do Estado nas regiões onde esse comércio mais impera, da exploração do trabalho infantil e da exploração sexual, sem considerar as divisões econômicas que separam as possibilidades sociais do individuo, e na maioria das vezes de setores inteiros daqueles mais massacrados pela ausência total de recursos. E nessas visões investigativas, vai-se puxando um fio que espantosamente leva a causas muitas vezes diferentes do principio social, desprovido de quase tudo, das realidades de origem, parando, quase sempre, no processo de construção social imaginário ou ideológico aceitável do meio do caminho. E vai-se falar da família como a origem do mal, um espectro ausente dos condicionantes principais que criaram as novas formas capitalistas de vivência.
Porém, é obvio, que para lançar qualquer critica a essa questão temos de entender o significado do “brega” na utilização de conceitos de interpretação social que possam aprofundar qualquer discussão a respeito de temas que obrigatoriamente tende se debater considerando a pobreza, a riqueza, suas claras divisões na história da formação social, econômica e cultural do sistema do globo e os produtos desse desastroso processo. E aqui, “brega” é lembrar que dada à concentração e monopolização da riqueza por muitos poucos, socializa-se a miséria de muitos outros, e é necessário viver, ou sobreviver, mesmo nas condições mais adversas e estando fora do que entendemos por Lei, mas dizer ou escrever isso, depois que o muro foi abaixo, é completamente desconexo.
O centro do problema que trato, é que para se debater problemas “antigos”, ou estruturais, como não se utiliza mais, e entendê-lo no decorrer de seu processo, temos de recorrer a ferramentas também passadas para que ao negarmos utilizar o velho, não apontemos erroneamente problemáticas presentes, como se considera atualmente as problemáticas sociais que perseguem crianças e adolescentes há muito tempo, sem solução ou apontamentos que possam debater causas com raízes muito profundas e não apenas refletir insistentemente, para na sujar o chão, como recolher as folhas secas o mais rápido possível.
Assim, depois de conhecermos bem as causas dos problemas que tratamos, podemos nos utilizar de todas as novas ferramentas utilizadas para analisar o fosso em que chegamos por todas as óticas possíveis disponíveis no mercado das idéias, lembrando sempre, que os fossos, ou fossas, podem enganar, pois depois que a água seca sempre resta à lama para nos banharmos.
No “brega” das idéias, temos de utilizar o que achamos estar desatualizado para nos atualizar da realidade em que estamos inseridos para não utilizarmos novos conceitos que isolados, não explicam nem apontam nada. Como já disse José Oiticica, lá em 1957, para tratar sobre a questão da prostituição, passando de “brega” ao cafona: “Em vez de andarmos a catar paliativos sociais, religiosos ou estatais, para impedir a prostituição, importa saber se não seria possível apurar a causa dessas proclamadas ‘causas’ e atacar o mal pela raiz.”.


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